Durante essa semana estava reparando nas pessoas e refletindo sobre como
nós, seres humanos, somos passíveis de sermos moldados pela nossa situação. E isso não é de forma alguma ruim, pelo contrário, acho lindo ver a flexibilidade
e a capacidade de adaptação que nós temos.
De onde saiu essa reflexão? Nessa semana comecei seguir uma dieta para melhorar minha ingestão de nutrientes e também tentar descobrir os
alimentos que mais irritam o meu já facilmente irritável intestino (*). Nesses
dias, vez ou outra eu me peguei comentando, super animada, com as pessoas a
minha volta sobre a minha nova dieta e trocando ideias sobre o meu atual estado
e minha alimentação com uma tranquilidade que eu jamais poderia imaginar que
teria um dia.
Há quase 10 meses, quando levei minha primeira marmita para
o escritório porque eu estava passando mal com simplesmente T-U-D-O e mal
conseguia almoçar uma batatinha pequena cozida só na água e sal e uns quatro
cubinhos de peito de frango também só com sal, eu tinha vontade de me esconder em um
buraco para almoçar: esperava não ter ninguém perto do microondas para
esquentar o almoço e comia tudo rapidinho torcendo para ninguém ver. Eu tinha
vergonha de levar minha marmita, tinha vergonha de explicar porque eu não comia
no restaurante da empresa como todo mundo, e principalmente de responder a temida
pergunta: “Mas você se sente mal como?” Ah, nessa hora como eu queria que
minhas reações fossem dores de cabeça, coceiras ou até ficar verde fluorescente!
Não porque sejam sintomas menos incômodos, mas com certeza seria menos
embaraçoso responder. Como não é o meu caso, eu me limitava a dizer alguma
coisa como “é, minha barriga fica meio estranha” e ainda assim provavelmente
com tanta vergonha que as pessoas só deviam escutar algo como “hum hum hum meio
estranha ”.